7 Conselhos Financeiros nada Convencionais para um Jovem

Thiago Cardoso
Analista CNPI
20/9/2016

Clarissa tinha um maravilhoso apartamento mobiliado em Boa Viagem (área nobre de Recife). A mãe dela foi nos mostrar o apartamento. A minha esposa ficou encantada.

“Por que a sua filha quer deixar um apartamento tão bonito?”, perguntou Fernanda, minha esposa, à mãe da menina.

“Ela recebeu uma proposta de trabalho em São Paulo”, respondeu a mãe.

A dona do apartamento havia recebido uma proposta de trabalho e precisou se mudar. Mas o apartamento lhe criava raízes.

O apartamento que, antes era um sonho, agora lhe trazia problemas.

Ela precisava desesperadamente conseguir um inquilino. Ela não comprou o imóvel para investir. Ela comprou para morar e, naquele dia, não podia mais.

Um investidor que compra um imóvel para investir pode passar meses sem receber inquilinos. Isso vai lhe trazer prejuízos, pois ele terá que pagar condomínio. Mas não era o caso daquela moça.

Clarissa precisava pagar aluguel em São Paulo e ainda pagava as parcelas do financiamento daquele imóvel em Recife.

Essas duas despesas somadas já cobriam mais de 60% do seu orçamento mensal.

A história de Clarissa é uma prova de que os jovens não devem seguir o mesmo planejamento financeiro de pessoas mais velhas.

Continue lendo esse artigo para saber que:

#1 Planos não são feitos para dar certo

planos-financeiros

O primeiro ponto que você deve ter em mente ao fazer um planejamento é que seu plano não vai dar certo. Principalmente quando se é jovem.

É muito raro o seu planejamento financeiro correr exatamente como previsto. Não estou falando de fracassos. Estou falando de ajustes.

A sua vida pode mudar significativamente nos próximos anos. Você pode receber uma promoção, mudar de cidade, resolver se casar mais cedo. Há muitas variáveis completamente fora do seu controle que podem influenciar nos seus planos financeiros.

Por isso, os jovens devem ter um planejamento financeiro flexível.

Quando você tem menos de 30 anos, não comprometa uma grande parte da sua renda com despesas caras, como:

Eu não estou dizendo que você não deve fazer uma festa de casamento ou evitar comprar um carro. O que você deve fazer é compras racionais.

Pergunte-se com sinceridade:

No meu caso, eu morei de aluguel. Mas fiz as contas e preferi alugar um apartamento sem mobília.

Eu também comprei o carro assim que me mudei, porque os pais da minha esposa moram no interior e nós os visitamos uma vez por mês.

Quando você é jovem, sua vida ainda não está completamente definida.

Existem as chances de você trocar de carreira ou de receber uma promoção e ir morar em outra cidade. Ou ainda você pode resolver tocar o seu próprio negócio.

As carreiras e o estilo de vida que você têm hoje podem não ser o que você espera ter pelo resto da vida.

Alguns exemplos de pessoas que mudaram radicalmente sua vida mesmo depois de já terem iniciado uma carreira:

Diante dessas histórias, a sua história também pode passar por uma reviravolta financeira.

Essa reviravolta pode ser até mais simples, como a que aconteceu com Clarissa. Eu a conheci quando procurava um apartamento para alugar.

#2 Um Jovem não deve correr riscos

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Uma das consequências do ponto #1 é que os jovens não devem correr riscos.

Em geral, os planejadores financeiros dizem que os jovens podem correr riscos porque eles têm muito tempo para recuperar o dinheiro.

Porém, os jovens normalmente têm pouco patrimônio. Perder dinheiro, em geral, significa perder a maior parte do que eles tinham.

Assim, a flexibilidade dos seus planos é comprometida.

Só quem pode correr riscos é quem já tem um patrimônio consideravelmente alto. Quando você tem R$1 milhão, você pode reservar 10% dessa quantia para entrar em investimentos mais arriscados.

Mais uma vez, não confunda o investidor conservador com o patrocinador de bancos.

Quando você tem menos de 30 anos, aproveite para conhecer melhor aplicações seguras e rentáveis, entre elas o mercado de ações.

#3 Se você mora com os pais, faça uma gorda reserva financeira

reserva-financeira

O aluguel é uma despesa grande. Consumirá de 20% a 30% do seu salário. Por isso, é muito importante aproveitar o período da sua vida em que você não paga aluguel.

Eu, por exemplo, pago R$1975 por mês de aluguel, incluindo as despesas com condomínio e IPTU.

Agora imagine que eu morasse com meus pais e, em vez de gastar com aluguel, investisse R$1975 por mês durante 5 anos. O que aconteceria?

Ao final de 5 anos, eu teria R$192.467,16.

Para isso, eu precisaria de um retorno médio de 19% ao ano. Esse retorno é bem acima da renda fixa. Ele só foi conseguido por mais de 80 anos pelo Investimento em Valor.

No meu caso, eu comecei a trabalhar aos 23 anos. Isso significa que, se eu morasse com meus pais, eu poderia ter um patrimônio de R$192 mil aos 28 anos.

R$192 mil seria suficiente para casar, mobiliar um apartamento e até mesmo abrir o meu próprio negócio.

Tudo isso porque você foi capaz de aproveitar um dos períodos mais favoráveis da sua vida financeira.

Entendeu a importância de investir bem quando se é jovem? Agora, leia a carta a segiur

Leitura Recomendada: Como conseguir um retorno médio de 19% ao ano nas suas aplicações

#4 Ganhar mais dinheiro pode ser mais fácil que gastar menos

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Quando éramos crianças, fomos programados a gastar menos.

Um dos primeiros contatos com a educação financeira das crianças é o porquinho.

No entanto, ao dizer: “Guarde todas as moedinhas no porquinho, meu filho” você pode estar destruindo o futuro financeiro daquela criança.

Não existe nada mais americano do que barracas de limonadas. É isso o que as crianças americanas fazem quando querem dinheiro: elas trabalham.

O americano Steve compilou uma lista de 200 formas de fazer dinheiro quando criança.

Nota: eu gosto muito mais da forma como se fala em inglês “make money” do que em português “ganhar dinheiro”. Dinheiro não se ganha do nada. Antes de ganhar, você tem que produzir alguma coisa.

Existem duas formas de ganhar mais dinheiro:

Não é nenhuma vergonha buscar um segundo emprego nas suas horas vagas. É uma tática recomendada por Gustavo Cerbasi, o planejador financeiro mais conhecido no Brasil.

Eu trabalho como professor de Química para turmas de Pré-ITA e turmas olímpicas aqui em Recife.

O principal benefício de um segundo emprego é a diversificação. Se você for demitido do seu emprego principal, terá uma certa quantia para se sustentar. Você não corre o risco de perder toda a sua renda de uma vez só.

O seu principal objetivo deve ser aumentar o seu salário.

Nesse artigo, eu conto como eu consegui aumentar a minha renda mensal de R$5 mil para R$10 mil por mês aos 25 anos.

Em linhas gerais, você precisa observar o que as pessoas de sucesso à sua volta fizeram. Qual é o cargo que elas ocupam? Como chegaram lá? Quais competências eles precisaram desenvolver?

#5 Poupe pensando no presente

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Você já deve ter ouvido aquela história de que investir é trocar o hoje pelo amanhã.

Porém, nada é mais longe da verdade. A verdade é que o poupador é feliz.

Quando você tem uma dívida, outras pessoas são donas de uma parte da sua vida.

Se você compra um carro financiado, o banco é o dono desse carro. Por isso, você tem o compromisso de gerar dinheiro para pagar por aquele bem.

Dívidas representam obrigações.

Porém, quando você tem uma poupança, você tem liberdade.

Se você acumulou 6 meses de suas despesas mensais em vários tipos de investimentos, você começou a adquirir uma segurança financeira que poucas pessoas usufruem.

Você se livrou daquela obrigação de gerar dinheiro todo mês. Se você for demitido, terá um tempo para procurar uma nova fonte de renda sem abrir mão do seu estilo de vida.

Isso lhe dará uma grande tranquilidade.

E, de quebra, vai diminuir os riscos de você perder o seu emprego. Certa vez, fui a uma palestra do grande educador de carreiras, Max Gehringer.

Gehringer contou que as pessoas que estão prontas para serem demitidas raramente são.

Ao saber que você tem uma boa reserva financeira, você vai trabalhar mais tranquilo. E isso vai aumentar sua produtividade, o que lhe tornará indispensável na sua empresa.

Além disso, a poupança traz oportunidades.

Se você pensa em abrir o seu próprio negócio, é muito importante ter uma reserva financeira. Caso contrário, o primeiro problema que você tiver você vai entrar em desespero.

Se você não tiver uma poupança, o primeiro cliente que atrasar o pagamento ou cancelar o pedido vai representar uma séria ameaça à estabilidade do seu negócio.

O mesmo acontece ao comprar a casa ou carro dos seus sonhos. Quando você tem uma reserva financeira, você terá muito mais chances de conseguir adquirir esse bem quando ele estiver a um preço baixo.

Você ainda terá a opção de comprar esses itens no exterior a um preço bem mais acessível do que no Brasil.

#6 Você não precisa poupar para investir

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Um grande erro dos educadores financeiros é achar que é preciso poupar para investir.

Em geral, o que funciona é exatamente o contrário. As pessoas precisam investir para conseguir poupar.

“Gaste o que sobra depois de poupar” (Warren Buffett)

Duvida? O pai de um grande amigo meu sempre teve problemas de gastar muito dinheiro. Ele ganhava um salário altíssimo, cerca de R$40 mil por mês, mas gastava tudo com a sua família.

De repente, ele resolveu comprar um imóvel para alugar e começou a pagar prestações de R$4 mil por mês.

Ao se comprometer com essa despesa, ele passou a cortar itens supérfluos do seu orçamento e conseguiu pagar o financiamento.

No final, ele conseguiu ao menos um imóvel de aluguel como um investimento.

Assim como essa história, tudo o que você precisa fazer quando você é jovem é se comprometer com um plano de investimento.

Vá ao banco e faça uma transferência programada para a sua conta de investimentos numa corretora.

Desse jeito, ao se comprometer em investir mensalmente uma quantia, a sua mente vai se reprogramar e vai ser muito mais fácil para você ter dinheiro no final do mês.

#7 Utilize as métricas corretas da riqueza

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O principal erro que prende as pessoas na Classe Média é se preocupar com as métricas erradas de riqueza.

Nesse artigo, eu explico que o patrimônio líquido é o número mais importante da sua vida financeira.

A Forbes lista os homens mais ricos do mundo pelo seu patrimônio líquido. Os ricos se preocupam em fazer seu patrimônio líquido crescer.

Porém, a classe média está sempre preocupada com a sua renda mensal.

Quando você é jovem, realmente precisa de uma renda mensal para sobreviver e poupar. Porém, você deve se preocupar em criar uma transição para o próximo estágio da independência financeira.

O que vemos é que a grande maioria dos jovens se preocupa em adquirir bens que simbolizem status como marca de sua ascensão social.

O grande objetivo da independência financeira é gerar uma receita passiva superior às suas despesas.

A receita passiva é aquela ganha sem a necessidade de trabalhar, suar a camisa. A única forma de adquirir uma receita passiva é através de investimentos.

Porém, a grande maioria das pessoas só se preocupa em adquirir bens que geram despesas, como o carro do ano, a casa própria.

Quando você é jovem, você precisa inverter essa lógica. Comece a comprar investimentos, bens que geram receitas em vez de comprar bens que geram despesas.

Logo quando você começar a trabalhar, comemore o seu primeiro título público ou o seu primeiro lote de ações de uma maneira mais entusiástica do que você comemoraria o primeiro carro.

Conclusão

Quando nós começamos a trabalhar, nós começamos a construir patrimônio: comprar um carro, uma casa. E, em alguns anos, notamos que a nossa vida financeira melhorou. Porém, depois de alguns anos, a sua vida simplesmente para.

Todos os aumentos de salário que você recebe servem apenas para compensar a inflação. Seu salário está todo comprometido com inúmeras despesas: carro, casa, escola dos filhos.

É por isso que você deve começar a agir hoje para impedir que a sua vida financeira fique estagnada nos próximos anos.

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