6 lições de Nassim Taleb para você se tornar um investidor antifrágil

Arthur Falcão
Planejador Financeiro
28/5/2021

Nassim Nicholas Taleb é um filósofo, matemático e escritor libanês, estudioso da aleatoriedade e analista de riscos. Escreveu diversos livros sobre aleatoriedade, probabilidade e riscos, cuja leitura é indispensável para profissionais do mercado financeiro.

Seus escritos trazem diversas lições que são perfeitamente aplicáveis, não apenas aos nossos investimentos, mas também à nossa vida.

Nesse artigo, você irá aprender 6 conceitos apresentados por Taleb, que você poderá aplicar nos seus investimentos.

Lição 1 - Antifragilidade e o teste do tempo

Taleb propõe uma forma de enxergar “as coisas”. Para isso, cria uma tríade: o frágil, o robusto e o antifrágil. Frágil é aquilo se rompe ao se expor a um pequeno evento estressor;  robusto é aquilo que não se rompe com estressores, mas tampouco se fortalece com os mesmos; e o antifrágil é aquilo que não apenas resiste aos estressores, como também se fortalece com os mesmos.

 Se tratando de investimentos, aqueles ativos que tendem a perecer durante ou após momentos de estresse e crises são frágeis, enquanto os ativos que passaram no teste do tempo (que permanecem “de pé” após décadas ou séculos) e se provaram resilientes são robustos ou antifrágeis.

Devemos nos afastar dos ativos frágeis e nos expormos a ativos robustos e antifrágeis (lembrando que a reação do antifrágil nem sempre será imediata).

O melhor teste de fragilidade é o tempo. Ao longo dos anos, passaremos por diversos estressores e crises. Aqueles investimentos (e investidores) que forem capazes de sobreviver e se fortalecer com o passar do tempo se provarão antifrágeis.

Ao aprendermos a distinguir o frágil do não frágil, percebemos que é uma mera questão de “quando”, e não apenas de “se”, que o frágil irá perecer; já aqueles ativos mais robustos tendem a manter seu valor ao longo do tempo, apesar das adversidades; e os ativos antifrágeis, não só mantém seu valor no tempo, como superam consistente e resilientemente as adversidades.

 Lição 2 - Esteja Convexo!

Taleb afirma que não faz sentido estar exposto a situações que não possuem uma simetria convexa. Estar convexo significa estar posicionado de forma onde nosso potencial de perda (downside) é limitado, enquanto nosso potencial de retorno (upside) é infinito. Por outro lado, estar côncavo significa estar posicionado de forma onde o upside é limitado, enquanto o downside é ilimitado.

Quando estamos convexos, estamos expostos positivamente às aleatoriedades e externalidades da vida. Quando côncavos, estamos expostos negativamente ao imprevisível e à aleatoriedade, o que nos coloca em uma posição de alto risco.

Quando os conceitos são colocados em um gráfico, vemos no convexo uma curvatura positiva nas pontas da linha, enquanto o côncavo tem uma curvatura negativa nas pontas, como demonstra a imagem:

Lição 3 - Risk taking x Risk management (Tomada x Gestão de risco)

“A primeira regra é: nunca perca dinheiro. A segunda regra: nunca esqueça a primeira regra”. - Warren Buffett (Imagem)

 

Essa é uma das frases mais marcantes da lenda do mercado financeiro, Warren Buffett. Significa que não perder dinheiro e sobreviver como investidor é mais importante do que ganhar dinheiro, quando estamos falando de longo prazo. O investidor que é capaz de superar os estressores, apesar de nem sempre ter a melhor rentabilidade, no final das contas, será melhor sucedido do que aquele que possui excelentes rentabilidades em curtos períodos de tempo mas assume riscos elevados, que podem levá-lo até mesmo à ruína.

Pela nossa falta de capacidade de entender os verdadeiros riscos envolvidos no mercado financeiro ou de prever Cisnes Negros, Taleb afirma que é mais importante priorizar o tomar riscos, que gerir riscos (no sentido de não se expor a operações côncavas, mesmo quando o risco da ruína é mínimo).

Algumas dicas para você evitar o risco da ruína: 


Um dos ativos mais resilientes há milhares de anos é o ouro; um ativo escasso para proteção patrimonial e potencial valorização em eventos de crise.

Quer saber mais sobre o ouro? Baixe nosso e-book completo de investimento em ouro.



Lição 4 - O problema do Peru

Você já leu nos rodapés de documentos de apresentação de fundos: “rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura.”? É justamente sobre isso que se trata o “problema do peru”. Pode ser um erro

Os perus de final de ano são alimentados em cativeiros durante 300 dias pelo açougueiro; a cada dia que passa, os analistas da situação ficam cada vez mais confiantes de que o açougueiro seguirá alimentando, observando uma “comprovação estatística cada vez mais forte”; até que chega o dia 299, no auge do peso do peru, da confiança dos analistas e da tendência estatística, quando o açougueiro abate o peru (o Cisne Negro) para vendê-lo; nesse dia, os analistas quebram a cara e se justificam, dizendo que estavam apenas seguindo a estatística

Gráfico peso do peru x mês do ano

A fábula do peru é um ensinamento sobre como o passado pode ser enganoso e como pode bastar um único evento estressor para que todo aquele retorno passado desapareça. Sempre há uma primeira vez (e pode bastar um único evento para que a ruína se apresente). 

Lição 5 - Aleatoriedade e sorte

Costumamos creditar às causas do nosso sucesso ao nosso esforço, talento e dedicação, enquanto culpamos o azar, a aleatoriedade e externalidades pelos nossos fracassos (como fizeram os analistas do peru).

Taleb afirma que precisamos ter maior humildade para compreender que a aleatoriedade pode tanto ser um fator dos nossos sucessos como fracassos.

Esse conceito se aplica perfeitamente aos nossos investimentos. Quando uma de nossas posições se valoriza, costumamos pensar que fizemos uma análise muito boa do ativo e que o mérito de escolher o ativo foi nosso, mas quando nosso investimento perde valor, culpamos uma externalidade, um político, uma lei, um concorrente, um vírus, etc.

Escrevemos um artigo ensinando, justamente, como montar uma carteira de investimentos. Clique aqui para ler.

Lição 6 - Estratégia Barbell

Taleb entende que pela falta de capacidade do ser humano em prever as aleatoriedades da vida, tendemos a precificar mal muitas coisas. Tratando-se de ativos financeiros, o mercado tende a sub ou super precificar aqueles ativos que se encontram no risco médio. Os ativos de risco médio costumam ser mais frágeis do que aparentam, porque costumam perder muito valor durante fortes estressores e não garantem retornos interessantes em períodos de menor estresse.

A Estratégia Barbell (barbell, em inglês, significa barra de academia), proposta por Taleb, defende que devemos concentrar nossas exposições nas duas extremidades do risco: Ter um maior peso do nosso patrimônio em ativos de muita segurança (como caixa, títulos públicos e bancários, ouro e proteções contra a inflação), e na outra ponta, com um menor peso do patrimônio (10 a 25%), se expor a ativos mais arriscados, com alto potencial de valorização (participação em pequenos negócios ou um negócio próprio, criptomoedas, ações de empresas com muito potencial e derivativos).

Estratégia Barbell

Assim, nos colocamos em uma posição com alto nível de convexidade, sem sentir o medo de perder tudo, estando, ao mesmo tempo, exposto a ativos com boa relação de upside.

Gostou das lições de Taleb? Fale com um especialista agora, e saiba como uma consultoria de investimentos pode ajudar você a ter uma carteira de investimentos antifrágil.


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