Atualidades na Economia e Investimentos
Nesse relatório trouxemos nossa avaliação dos principais acontecimentos das últimas semanas envolvendo a economia e os mercados nacional e internacional.
Cenário Internacional
Atualizando o Cenário da Economia Global
O mundo viveu nas últimas décadas um período de crescimento econômico sem paralelo na história da humanidade, impulsionado por três fatores: energia barata, globalização e tecnologia. Esses fatores permitiram que países como EUA e China se tornassem as maiores potências do planeta, e que empresas como as Big Techs dominassem os mercados e a inovação.
No entanto, esse modelo de crescimento parece estar em crise, e não tem mais capacidade de produzir um futuro abundante como antes. A energia está ficando mais cara e escassa e a globalização está sendo revertida por tensões geopolíticas e comerciais.
Isso significa que a economia global provavelmente terá anos difíceis e dissonantes pela frente, com menor crescimento e maior inflação. Além disso, a disputa entre EUA e China pode afetar o equilíbrio do mundo, e trazer riscos de conflitos e rupturas.
É impossível ter certezas sobre o futuro, mas cada vez mais é importante ter cautela.
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Taxa de Juros Americana
No último 3 de maio, o FED, banco central americano, subiu mais uma vez a taxa básica de juros no país, atingindo o patamar de 5% a.a..
Vale reforçar, o dólar ainda é a moeda de reserva mundial, e a taxa juros por lá é a taxa que baliza as demais. Por isso, quanto mais alto estiverem os juros nos EUA, mas difícil para o Banco Central brasileiro, conseguir reduzir a Selic, por exemplo, já que o capital migraria para os Estados Unidos.
Nesse sentido, as notícias parecem ser positivas para o Brasil, o FED deu sinais de que irá parar de subir os juros após a crise bancária e a melhora nos índices de inflação. A expectativa do mercado é que a Fed Funds Rate, equivalente a Selic por lá, deva ficar no patamar de 5%a.a. até o final do ano.
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Saiba mais em:
- Federal Reserve officials were ‘less certain’ about need for more interest rate rises | Financial Times (ft.com)
- Fed 'pause' on rate hikes in doubt after strong US data | Reuters
Cenário Brasileiro
A Selic vai cair?
O Brasil vive um momento de tensão entre o governo federal e o Banco Central (BC) em relação à condução da política monetária. O presidente Lula tem pressionado o BC para reduzir a taxa Selic, a taxa básica de juros da economia, alegando que ela está muito alta e prejudica o crescimento econômico. Por outro lado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defende a autonomia do órgão e a necessidade de manter a Selic em um nível compatível com o controle da inflação.
A taxa Selic é a principal ferramenta que o BC possui para controlar a inflação. Ela influencia todas as outras taxas de juros do país, como as taxas de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras. Quando a Selic sobe, os juros ficam mais caros e isso tende a reduzir o consumo e os investimentos, freando a demanda e a inflação. Quando a Selic cai, os juros ficam mais baratos e isso tende a estimular o consumo e os investimentos, aquecendo a demanda e a inflação.
Desde março de 2021, o Copom aumenta a taxa Selic em um movimento de controle da inflação que chegou ao acumulado de 12 meses de 12,13% em abril de 2022. A taxa Selic hoje está em 13,75% ao ano, após ter sido mantida nesse patamar na última reunião realizada em 22 de março de 2023.
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Vale pontuar, uma redução da Selic que não seja por fatores técnicos pode ter o efeito contrário de aumentar a incerteza do mercado devido à intervenção do governo e consequentemente levar a uma fuga de capital, desvalorizando a moeda e aumentando a inflação.
Contudo, apesar dessa politização, nos parece que ela pode iniciar um ciclo de redução devido a fatores técnicos. A inflação desacelerou e as expectativas de aumento também reduziram, e no exterior, o FED dá sinais de que vai parar de subir os juros por lá. Além disso, a celeridade com que a nova regra fiscal tem sido tratada no congresso também é um fator que contribui para permitir a queda de juros.
No momento, a expectativa do mercado para o final de 2023 é que a Selic caia para 12,50%a.a. e continue em queda até os 10%a.a. no final de 2024.
Na renda fixa, vemos com bons olhos que o investidor possua uma pequena exposição em títulos prefixados, preferencialmente em taxas maiores que 14%a.a. e prazo menores que 5 anos. Esses títulos são uma boa opção para momentos que antecedem uma queda de juros.
No mais, é importante ter uma carteira diversificada, com diferentes tipos de ativos e prazos de vencimento, para se proteger das oscilações do mercado e aproveitar as oportunidades que surgem com as mudanças na taxa Selic.
Cenários para o mercado ações
Estamos em um momento onde a alocação % em ações da indústria de fundos está em um dos menores patamares da série histórico, cenário parecido com o de 2016, ano que prescindiu um grande movimento de alta das ações. Reflexo do pessimismo que afligiu o mercado nos últimos meses e também, é claro, do elevado patamar dos juros brasileiros, que atrai os investidores para a renda fixa.
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No entanto, como visto nos tópicos anteriores, as probabilidades de um corte na nossa taxa de juros são altas. O que pode ser um gatilho para a valorização das ações que estão, na maioria, em valuations atrativos. Vemos que mesmo uma pequena melhora no ambiente econômico pode ser bastante positivo para o mercado de renda variável.
Olhando para o histórico, vemos um movimento de corte de juros costuma ser bastante benigno para bolsa brasileira, principalmente quando combinado com uma manutenção dos juros nos EUA.
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Porém, nem tudo são flores, existem muitos riscos no radar e é preciso mantar a exposição a forma controlada. As tensões geopolíticas e uma possível recessão no exterior e o risco fiscal internamente são alguns dos principais fatores que podem fazer com que nossa economia continue patinando, assim como o mercado de ações.
Em resumo, podemos desenhar um cenário otimista, onde um conjunto de fatores favorável para as ações acontecem. E um pessimista, onde o espaço para corte de juros no Brasil é prejudicado por fatores internos e externos.
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Diversificar seus investimentos continua sendo a decisão mais prudente. Mas é preciso dar tempo para as suas teses se concretizarem, especialmente quando se trata de renda variável.
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