A festa de casamento é uma tradição de quase todas as culturas. É um reflexo de como é um momento importante na vida de um casal.
Mas você já ouviu falar que muitos casais fazem festas luxuosas e que, logo depois, se separam?
Esse fenômeno não é comum somente com famosos, mas também com pessoas comuns.
Continue lendo esse artigo para saber mais sobre:
- Como a festa pode contribuir para a estabilidade de um casamento;
- Por que, em geral, as festas de casamento caras levam a casamentos fracassados;
- Como planejar a sua festa de modo que ela caiba no seu orçamento;
O Compromisso
“É mais fácil resistir no princípio do que no final” (Leonardo da Vinci).
Essa frase remonta ao que o psicólogo de renome
internacional Robert Cialdini defende: para o ser humano, é mais importante ser coerente do que estar certo.
E, por isso, quando assumimos um compromisso diante de terceiros, estamos muito mais propensos a honrá-lo.
Sendo assim, podemos inferir que a festa de casamento representa um compromisso diante de um grande número de pessoas.
Família, amigos, colegas de trabalho. Nós assumimos o compromisso de amar e respeitar o cônjuge diante de todas essas pessoas.
É justamente por isso que as pessoas têm o hábito de gastar muito dinheiro e convidar muitas pessoas nesse evento.
Além disso, tanto as cerimônias religiosas, como as civis, tendem a reforçar esse compromisso.
Por exemplo, considere a liturgia católica para casamentos:
Eu, N., recebo-te, N.,
Por minha esposa,
De hoje em diante:
para o melhor e o pior,
na riqueza e na pobreza,
na doença e na saúde,
para amar-te e honrar-te,
até que a morte nos separe,
segundo a santa lei de Deus.
Este é o meu voto solene.
A liturgia católica faz questão de reforçar que o compromisso independe de condições financeiras, de saúde e estabelece a duração: até a morte.
Porém, o fator mais importante dessa liturgia é “Deus” . Ao assumir um compromisso perante Deus, os religiosos terão uma inclinação muito maior em honrá-lo.
Relação entre Festas de Casamento e Divórcios
Será que o valor gasto numa festa de casamento tem alguma relação com a duração de um matrimônio?
Em 2014, dois pesquisadores, Andrew M. Francis e Hugo M. Mialon, mostraram que sim.
Eles publicaram um artigo intitulado “A Diamond is Forever and Other Fairy Tal”s: The Relationship between Wedding Expenses and Marriage Duration” , que, em português, significa: “Diamantes são para sempre e outros Contos de Fada: A Relação entre Despesas no Casamento e a Duração do Matrimônio”.
Eles fizeram uma pesquisa com mais de três mil casais americanos medindo quanto eles gastaram com sua festa de casamento, excluídas as alianças, e quantos deles se divorciaram.
Nesse artigo, eles mostraram que, quanto mais cara for a festa de casamento, maior é a probabilidade de divórcio do casal.
Os próprios pesquisadores creditaram o aumento do índice de divórcios ao fato de que festas caras implicam mais dívidas.
Quando eu me casei com Fernanda, eu e ela tínhamos o foco de casar, montar uma casa e começar uma família jovens. Eu tinha 24 anos e ela tinha 22.
Além disso, tínhamos o objetivo de não pedir nada a ninguém. Por isso, fizemos tudo com o nosso próprio dinheiro.
Começamos a vida sem dívidas e isso foi muito importante para o nosso progresso.
É possível, sim, fazer uma boa festa de casamento, contato que o casal não assuma dívidas astronômicas ou favores dos pais.
Agora, vamos falar dos 9 erros. Além disso, como eu quero que dê tudo certo na sua festa de casamento, eu vou te dar 9 conselhos para evitar esses erros.
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#1 Não deixe que o Pai da Noiva seja o responsável pela Festa
Ao ler os dois blocos anteriores, é provável que você tenha ficado confuso.
O primeiro estudo do psicólogo Robert Cialdini nos falou da importância da festa de casamento. Porém, o segundo estudo de Francis e Mialon atestou que festas caras levam a mais divórcios.
No entanto, podemos muito bem entender os dois blocos conjuntamente:
- Com base em Cialdini, entendemos apenas que deve haver uma festa como uma relação de compromisso.
- Quem realmente assumiu o compromisso com a festa na maioria dos casos? Os noivos ou os pais?
Ao ler o livro As Armas da Persuasão, eu notei que o compromisso independe do valor gasto.
O que mais é importa é o que os noivos fizeram para conseguir aquele valor. O ser humano valoriza muito aquilo que batalhou para conquistar.
Se o esforço para a realização do casamento for simplesmente pedir aos pais, os noivos não darão o devido valor.
Como exemplo, Cialdini cita os rituais de iniciação em faculdades. Quanto mais intensa for a época de trotes, maior a integração do grupo.
Porém, quando examinamos as festas de casamento, é comum a cultura de que o pai da noiva banca a festa.
Nesse caso, quem faz o investimento e, consequentemente, assume o compromisso é o pai da noiva.
Não é à toa que é justamente ele o primeiro a ficar furioso quando o casamento se encerra.
Em muitas festas, toda a atenção se volta para a noiva e para o seu pai. Quando o noivo fica em segundo plano, ele não assumiu compromisso algum perante outras pessoas.
Por isso, é essencial que a festa seja um compromisso dos noivos. Não do pai da noiva.
Quando eu me casei com a minha esposa, meu sogro queria fazer uma festa grandiosa. Eu prontamente recusei.
Disse-lhe que, se eu queria me casar com a filha dele, eu e ela teríamos que assumir as despesas.
Daquele momento em diante, eu e Fernanda passaríamos a ser independentes dos nossos pais.
Por isso, nós fizemos a festa com as condições que tínhamos naquele momento. Éramos recém-formados e tínhamos pouco dinheiro.
E a nossa maior prioridade era mobiliar o apartamento que alugamos.
Fernanda, de vez em quando, conta que abriu mão de uma festa grande para casar comigo. Certamente, ao fazer uma concessão, ela reforçou o nosso compromisso.
#2 O casal deve chegar a um acordo sobre a festa
Se você realmente tem o sonho de fazer uma festa de casamento, será que é possível fazer uma festa com efeitos positivos para o casamento?
O planejador financeiro Gustavo mostrou que sim. No seu livro “Casais Inteligentes Enriquecem Juntos”, Gustavo conta como planejou sua festa de casamento com a esposa:
Quando eu e a Adriana começamos a falar em casamento, minha poupança não chegava ao valor de meio carro popular. E a dela era menor ainda! Mas passamos a sonhar com nossa festa de casamento, com muitos amigos e parentes, jantar, música, detalhes que fazíamos questão de ter. Construir esse sonho foi um dos momentos mais felizes de nossa vida. Montamos uma planilha que incluía tudo, inclusive os gastos com o apartamento — aluguel, reforma, móveis e decoração — e a lua-de-mel. Quando fomos pesquisar preços e condições, bateu o desânimo que bate em todo casal nessa fase. O valor de tudo aquilo era absurdamente alto e incompatível com nossos salários! Teríamos de guardar quase todo o dinheiro que ganhávamos no mês durante pelo menos dois anos para financiar o início de nossa vida.
Nesse momento, tomamos a decisão que não só foi a mais correta como também me incentivou a desenvolver todo um trabalho a partir de então, passando a orientar as pessoas a agir como nós. Construímos um plano para pagar tudo. De acordo com ele, teríamos de poupar 75% de nossa renda conjunta, durante 24 meses, e ainda contar com mais seis meses de renda para pagar algumas prestações que se acumulariam após a lua-de-mel, já que o dinheiro não seria suficiente para financiar tudo no prazo que desejávamos. Tivemos de unir paciência — esperar um pouco mais do que gostaríamos — e sacrifício — deixar de gastar nosso dinheiro e economizar muito.
O que é mais importante dessa história contada pelo planejador financeiro Gustavo Cerbasi é que ele e sua esposa tiveram:
- Um plano juntos de economizar dinheiro para a casa, a festa de casamento e lua-de-mel;
- Tiveram disciplina e paciência suficientes para realizá-los.
Uma festa de casamento, até mesmo cara, incluindo uma boa viagem de lua-de-mel pode ser muito positiva para um casal, desde que ambos compartilhem esse sonho.
Por isso, é importante conversar para decidir quais são as maiores prioridades. O casal deve chegar a um consenso.
O maior erro financeiro que as pessoas podem cometer é quando um cônjuge abdica de algo em prol do outro.
Quando um dos cônjuges é mais impulsivo ou mais insistente, é comum que o outro deixe de dar sua opinião para não interferir e não causar brigas.
Acredite, isso vai causar mais brigas no futuro.
No caso da festa de casamento, é comum um dos cônjuges simplesmente aceite fazer a festa, porque o outro faz muita questão.
Assim, a festa sai com a cara e com o orçamento dos sonhos de um. E com as dívidas dos pesadelos do outro.
#3 Faça uma Festa do Tamanho do seu Orçamento
Pode parecer um conselho óbvio, porém a grande maioria das pessoas se esquece completamente da sua capacidade de pagamento quando planeja uma festa.
Certa vez, eu fui a uma festa do casamento de uma amiga da minha esposa. O casal ganhava em torno de R$2 mil por mês cada um.
No entanto, a festa custou mais de R$50 mil.
No dia, ambos pareciam muito felizes. Porém, consumir tanto dinheiro de uma vez só certamente deixou marcas no relacionamento.
Agora, eu vou te contar um pequeno segredo. Quando eu estava para me formar, eu já queria me casar com Fernanda para trazê-la para São Paulo.
Ela ficou muito empolgada com a ideia e começou a planejar a festa, o vestido e a lua-de-mel.
De repente, ela apareceu com uma festa de R$10 mil, um vestido de R$3 mil e uma lua-de-mel de R$10 mil.
Ela ainda veio com a seguinte proposta: o pai dela bancaria a festa e eu bancaria a viagem. Ela sabia que eu odiaria gastar R$10 mil numa festa, mas que poderia gastar R$10 mil numa viagem.
Porém, havia um sério problema. Eu ainda estava me formando. Onde eu conseguiria R$10 mil para gastar numa viagem de lua-de-mel?
Como nós não chegamos a um acordo, o casamento foi desfeito. Por muito pouco, o nosso relacionamento não acabou.
Felizmente, um ano depois, nós chegamos a um denominador comum e realizamos o nosso casamento.
#4 Pesquise preços
É muito comum um fotógrafo cobrar até 3 vezes mais caro que outros menos conhecidos. Também um bufê muito conhecido pode ser bem mais caro.
Por isso, é muito importante pesquisar preços e ver se vale a pena pagar o preço mais caro por um nome.
Essa dica é ainda mais importante no caso de casais com um orçamento limitado.
Um grande amigo meu contou que, quando foi pesquisar um bufê em Areias (bairro pobre de Recife), recebeu um orçamento de R$4 mil. Quando foi pesquisar um bufê na Boa Vista (bairro nobre de Recife), recebeu o orçamento de R$10 mil.
Em ambos os casos, ele pediu o mesmo tipo de comida para o mesmo número de pessoas.
#5 Faça um plano de poupança mensal
Quando o casal começar a planejar a festa, eles devem estabelecer um plano realista de quanto vão poupar por mês para o evento.
Eu recomendo que esse dinheiro seja colocado em Tesouro Selic, que é um título público pós-fixado.
A vantagem do Tesouro Selic é que ele sempre paga uma rentabilidade positiva, mesmo que você saque antes do vencimento.
Porém, não há mágica aqui. Em geral, a festa começa a ser planejada com 1 ano de antecedência. Nesse período, a soma dos aportes é muito maior do que qualquer ganho de investimento.
Por fim, jamais coloque o dinheiro destinado à festa em ações ou qualquer outra aplicação que pode oscilar.
#6 Inclua opções de presentes baratas
O maior mico que um casal pode pagar é só dar opções de presentes caras a seus convidados.
Muitas vezes, os casais, quando gastam além da conta na festa, optam por esperar dos convidados presentes caros, como cama e geladeira.
Essa atitude cria uma relação comercial na sua festa de casamento. Muitos convidados podem entender a sua lista cara como um ingresso ou como uma afronta.
Além disso, é muito interessante incluir a possibilidade de o convidado trazer um presente fora da lista.
#7 Planeje as despesas iniciais do casamento
O casamento não termina na festa. Você vai ter muitas despesas mobiliando o seu novo apartamento. Nesse outro artigo, eu explico por que comprar um apartamento pode ser um erro nessa fase.
Por isso, é importante incluir essas despesas no seu fundo de reservas.
No meu caso, eu e Fernanda já tínhamos todos os móveis e eletrodomésticos da casa comprados antes da festa.
Nós nem fizemos listas de presentes.
Não tem nada de errado um tio que gosta muito de você te dar uma geladeira como presente de casamento.
Porém, há lago muito de errado quando você conta com esse tipo de presente para montar algo que é de responsabilidade exclusivamente sua.
Afinal, o casamento deveria ser um grande corte de cordão umbilical.
#8 Não Faça Dívidas
“Se você é esperto, não precisa de dívidas. Se você não é, não pode nem pensar em fazer.” (Warren Buffett)
As suas despesas vão crescer muito depois do casamento: aluguel, comida, contas.
Por isso, é muito importante que a festa e a mobília da casa nova sejam pagas com dinheiro em caixa.
Se você puder começar a vida a dois com alguma reserva financeira, é melhor ainda.
#9 Pense bem na sua Lua-de-Mel
A viagem de lua-de-mel pode ser muito mais importante para o casal do que a própria festa de casamento.
E um grande erro dos casais é justamente pensar que essa é a fase do casamento em que podem economizar.
A razão para isso é que trata-se de um momento a dois em que eles vão refletir sobre tudo o que fizeram nas suas vidas.
Além disso, a viagem é uma experiência e jamais pode ser comparada.
Se você gastou R$20 mil numa viagem a Orlando e outra pessoa gastou R$10 mil numa viagem a Bangkok, quem pode dizer qual das viagens foi melhor?
A viagem depende principalmente do casal. Eu gosto mais de Orlando do que Bangkok. Mas outras pessoas podem ter opinião oposta.
Conclusão
É possível, sim, fazer uma festa de casamento sem comprometer o seu lado financiero.
Para isso, é essencial que o casal:
- Converse e cheguem a um acordo de como será essa festa;
- Se comprometa com um plano de poupança para o evento;
- Assuma a responsabilidade por bancar a festa;
- Tenha a consciência de que despesas maiores vão vir com a vida a dois.
Se você fizer uma festa de casamento bem planejada, o sucesso do matrimônio será muito mais fácil.
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